Entre as diversas doenças de peixes ornamentais, os ciclídeos africanos apresentam uma grande resistência à maioria delas.
O objetivo desse pequeno texto é esclarecer uma dessas patogenias, relativamente comuns nesses peixes e que se não tratada a tempo leva à morte do espécime: a Malawi Bloat.
Apesar do termo “Malawi”, convém esclarecermos de esta enfermidade atinge praticamente todos os Ciclídeos provenientes do 3 grandes lagos a saber: Malawi, Victoria e especialmente do Tanganyika. Entretanto, observamos uma maior incidência em peixes cuja dieta seja baseada em alimentos de origem vegetal. Ainda assim, a doença pode se apresentar na quase totalidade dos Ciclídeos Africanos.
Sintomas
Freqüentemente, o primeiro sintoma apresentado é a perda de apetite. Entretanto o sintoma pode não se manifestar de maneira clara. Pode-se obter um indicador através da “recusa” do peixe à alimentação: ele se aproxima do alimento, o observa e recua sem motivo aparente. Entretanto, observa-se a inapetência como parte da adaptação do peixe. Fique alerta se o sintoma persistir.
Como sintomas secundários, observamos o inchaço anormal do abdômen, aumento da respiração, fezes anormais (geralmente esbranquiçadas) e, em casos avançados, ulcerações e formações sanguíneas na região do ânus e pele do animal.
O tratamento deve ser administrado o mais cedo possível, pois, normalmente, depois de apresentados os sintomas secundários, o peixe morre ao cabo 72 h ou menos. Alguns aquaristas consideram incurável após o surgimento dos sintomas secundários.
Agente Patogênico
Essa é um dos assuntos de maior controvérsia. Alguns afirmam se tratar de uma infecção bacteriana, outros se tratar de um parasita.
Uma das hipóteses mais plausíveis é que a origem da moléstia pertence uma infecção ocasionada por um protozoário parasita.
Afirma-se que o protozoário reside normalmente em nas vias intestinais de peixes saudáveis. Sob condições particulares, que serão descritas mais adiante, o protozoário multiplica-se a níveis danosos, chegando a bloquear o trato intestinal do animal. De acordo com essa tese, essa obstrução ocasiona a perda de apetite.
Com o crescimento populacional do parasita, ele passa a atacar as paredes intestinais do peixe, ocasionando o inchaço abdominal e até mesmo caracterizando alguns quadros caracterizando uma hemorragia, e conseqüente morte do espécime.
Ainda assim, são conhecidos casos de indivíduos que resistiram por diversas semanas apresentando os sintomas.
Assim, o peixe não morre devido a falta de alimentação, mas sim devido ao danos internos ocasionados pelo protozoário.
Como possíveis causas para a explosão populacional do microorganismo patogênico são apresentadas algumas das mais comuns:
a-) estresse: como causa dos estresse nos peixes, podemos apontar como as mais comuns a má qualidade da água, mudanças bruscas de temperatura e condições químicas da água e a superalimentação, ocasionando um aumento do nível de amônia da água, em virtude da decomposição das sobras alimentares. Tais condições favorecem o declínio do sistema imunológico do animal deixando-o suscetível a uma série de enfermidades. Outras causas podem ocasionar o estresse como o transporte e capturas inadequadas e até mesmo a ausência de um habitat condizente com as necessidades da espécie (Ex: Formações rochosas para determinadas espécies)
b-) adição de Sal: esse é um erro relativamente comum em aquaristas iniciantes. No intuito de produzir as condições químicas da água dos 3 grandes lagos, como o pH alcalino e a dureza, alguns adicionam em grandes quantidades sal-de-cozinha (NaCl). Além de não obter o efeito desejado, o NaCl leva os peixes a um choque osmótico que concorre para o estresse e surgimento de doenças.
Para reproduzir as condições químicas ideais, deve-se fazer uso de sais próprios (tamponadores) para tal fim, como o CaCO3. Excelentes resultados são conseguidos com fórmulas caseiras de tamponadores a um preço bem acessível.
Outras alternativas, como o a adição de corais e conchas marinhas, bem como pedras calcáreas a decoração do aquário ajudam nesse tamponamento.
c-) Alimentação Inadequada: Uma das principais causas. Alimentos que provoquem uma digestão muito longa ou que maltratem o trato intestinal do peixe pode levar a danos internos sérios. Observa-se, particularmente, esse agravante em peixes cuja dieta baseie-se em alimentos vegetais (Ex: Pseudotropheus sp.) que sejam alimentados com grande quantidade de proteína, como alimentos vivos, ou rações que contenham muita proteína de origem animal. Vale ressaltar que uma dose de proteína é vital para o peixe; o que se deve evitar é o excesso.
Evite também alimentos que “inflam” ao contato com a água, como alguns pellets. Ao serem ingeridos, tendem a inflar durante a digestão do peixe, maltratando-o. Ao utilizá-los, tenha o cuidado de colocá-los num recipiente com a mesma água do aquário até que sejam “inflados” por completo. Só assim forneça-os aos peixes.
Tratamento
Costuma-se utilizar o princípio ativo Metronidazol, encontrado em remédios como Emtryl ou Flagyl, na proporção de 100mg para cada 40L de água.
Deve-se separar o peixe no aquário hospital (nunca execute o tratamento no aquário principal), sem filtragem biológica ou química, sem iluminação direta e com forte aeração. A cada 2 dias, troque cerca de 30% da água e repita a dosagem do medicamento. Se sobreviver aos sintomas, o peixe apresenta melhora (se alimenta) cerca de 1 semana pós-tratamento. Caso seu peixe infectado ainda apresente apetite, pode-se ministrar o remédio adicionando-o a sua alimentação. Coloque o alimento num recipiente com a água do aquário adicione o remédio na dosagem recomendada. Deixe que absorva e dê ao peixe.
O Metronidazol é uma droga de uso humano. Existem tratamentos específicos para a piscicultura porém, a eficácia desse tratamento aliada ao preço mais acessível do medicamento, atende a todas as expectativa
Considerações Gerais
Além dos cuidados citados, um aumento da temperatura e um estímulo alimentar ao peixe ajuda no tratamento, fortalecendo o sistema imunológico do peixe.
Ainda assim, vale a velha regra “Prevenir é melhor que remediar”. Fornecendo condições de água, alimentação, temperatura e habitat adequados ao espécime que você possui, seja qual for ele, você contribuirá e muito para que moléstias como essa fiquem longe de seus peixes.
BRUNO GALHARDI - 2003
FONTES; BASEADO NOS ORIGINAIS DE MARC ELLISON
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Ezstyle -Bruno Galhardi -2003- 2006
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O objetivo desse pequeno texto é esclarecer uma dessas patogenias, relativamente comuns nesses peixes e que se não tratada a tempo leva à morte do espécime: a Malawi Bloat.
Apesar do termo “Malawi”, convém esclarecermos de esta enfermidade atinge praticamente todos os Ciclídeos provenientes do 3 grandes lagos a saber: Malawi, Victoria e especialmente do Tanganyika. Entretanto, observamos uma maior incidência em peixes cuja dieta seja baseada em alimentos de origem vegetal. Ainda assim, a doença pode se apresentar na quase totalidade dos Ciclídeos Africanos.
Sintomas
Freqüentemente, o primeiro sintoma apresentado é a perda de apetite. Entretanto o sintoma pode não se manifestar de maneira clara. Pode-se obter um indicador através da “recusa” do peixe à alimentação: ele se aproxima do alimento, o observa e recua sem motivo aparente. Entretanto, observa-se a inapetência como parte da adaptação do peixe. Fique alerta se o sintoma persistir.
Como sintomas secundários, observamos o inchaço anormal do abdômen, aumento da respiração, fezes anormais (geralmente esbranquiçadas) e, em casos avançados, ulcerações e formações sanguíneas na região do ânus e pele do animal.
O tratamento deve ser administrado o mais cedo possível, pois, normalmente, depois de apresentados os sintomas secundários, o peixe morre ao cabo 72 h ou menos. Alguns aquaristas consideram incurável após o surgimento dos sintomas secundários.
Agente Patogênico
Essa é um dos assuntos de maior controvérsia. Alguns afirmam se tratar de uma infecção bacteriana, outros se tratar de um parasita.
Uma das hipóteses mais plausíveis é que a origem da moléstia pertence uma infecção ocasionada por um protozoário parasita.
Afirma-se que o protozoário reside normalmente em nas vias intestinais de peixes saudáveis. Sob condições particulares, que serão descritas mais adiante, o protozoário multiplica-se a níveis danosos, chegando a bloquear o trato intestinal do animal. De acordo com essa tese, essa obstrução ocasiona a perda de apetite.
Com o crescimento populacional do parasita, ele passa a atacar as paredes intestinais do peixe, ocasionando o inchaço abdominal e até mesmo caracterizando alguns quadros caracterizando uma hemorragia, e conseqüente morte do espécime.
Ainda assim, são conhecidos casos de indivíduos que resistiram por diversas semanas apresentando os sintomas.
Assim, o peixe não morre devido a falta de alimentação, mas sim devido ao danos internos ocasionados pelo protozoário.
Como possíveis causas para a explosão populacional do microorganismo patogênico são apresentadas algumas das mais comuns:
a-) estresse: como causa dos estresse nos peixes, podemos apontar como as mais comuns a má qualidade da água, mudanças bruscas de temperatura e condições químicas da água e a superalimentação, ocasionando um aumento do nível de amônia da água, em virtude da decomposição das sobras alimentares. Tais condições favorecem o declínio do sistema imunológico do animal deixando-o suscetível a uma série de enfermidades. Outras causas podem ocasionar o estresse como o transporte e capturas inadequadas e até mesmo a ausência de um habitat condizente com as necessidades da espécie (Ex: Formações rochosas para determinadas espécies)
b-) adição de Sal: esse é um erro relativamente comum em aquaristas iniciantes. No intuito de produzir as condições químicas da água dos 3 grandes lagos, como o pH alcalino e a dureza, alguns adicionam em grandes quantidades sal-de-cozinha (NaCl). Além de não obter o efeito desejado, o NaCl leva os peixes a um choque osmótico que concorre para o estresse e surgimento de doenças.
Para reproduzir as condições químicas ideais, deve-se fazer uso de sais próprios (tamponadores) para tal fim, como o CaCO3. Excelentes resultados são conseguidos com fórmulas caseiras de tamponadores a um preço bem acessível.
Outras alternativas, como o a adição de corais e conchas marinhas, bem como pedras calcáreas a decoração do aquário ajudam nesse tamponamento.
c-) Alimentação Inadequada: Uma das principais causas. Alimentos que provoquem uma digestão muito longa ou que maltratem o trato intestinal do peixe pode levar a danos internos sérios. Observa-se, particularmente, esse agravante em peixes cuja dieta baseie-se em alimentos vegetais (Ex: Pseudotropheus sp.) que sejam alimentados com grande quantidade de proteína, como alimentos vivos, ou rações que contenham muita proteína de origem animal. Vale ressaltar que uma dose de proteína é vital para o peixe; o que se deve evitar é o excesso.
Evite também alimentos que “inflam” ao contato com a água, como alguns pellets. Ao serem ingeridos, tendem a inflar durante a digestão do peixe, maltratando-o. Ao utilizá-los, tenha o cuidado de colocá-los num recipiente com a mesma água do aquário até que sejam “inflados” por completo. Só assim forneça-os aos peixes.
Tratamento
Costuma-se utilizar o princípio ativo Metronidazol, encontrado em remédios como Emtryl ou Flagyl, na proporção de 100mg para cada 40L de água.
Deve-se separar o peixe no aquário hospital (nunca execute o tratamento no aquário principal), sem filtragem biológica ou química, sem iluminação direta e com forte aeração. A cada 2 dias, troque cerca de 30% da água e repita a dosagem do medicamento. Se sobreviver aos sintomas, o peixe apresenta melhora (se alimenta) cerca de 1 semana pós-tratamento. Caso seu peixe infectado ainda apresente apetite, pode-se ministrar o remédio adicionando-o a sua alimentação. Coloque o alimento num recipiente com a água do aquário adicione o remédio na dosagem recomendada. Deixe que absorva e dê ao peixe.
O Metronidazol é uma droga de uso humano. Existem tratamentos específicos para a piscicultura porém, a eficácia desse tratamento aliada ao preço mais acessível do medicamento, atende a todas as expectativa
Considerações Gerais
Além dos cuidados citados, um aumento da temperatura e um estímulo alimentar ao peixe ajuda no tratamento, fortalecendo o sistema imunológico do peixe.
Ainda assim, vale a velha regra “Prevenir é melhor que remediar”. Fornecendo condições de água, alimentação, temperatura e habitat adequados ao espécime que você possui, seja qual for ele, você contribuirá e muito para que moléstias como essa fiquem longe de seus peixes.
BRUNO GALHARDI - 2003
FONTES; BASEADO NOS ORIGINAIS DE MARC ELLISON
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